terça-feira, 4 de junho de 2013

Muito prazer, classe C



 

  O cientista político André Singer fala sobre o novo estrato social, emergente desde o governo Lula.




REPORTAGEM: Beatriz Atihe de Oliveira, Bruno Passos Cotrim, Letícia Yazbek, Marcela Lima, Vinícius Giglio (1º ano de Jornalismo) e Elioenai Paes Gonçalves (2º ano de Jornalismo); COLABORAÇÃO: Paola Perroti (2º ano de Jornalismo).

André Singer, cientista político e professor da USP, 
explica o crescimento do consumo e das oportunidades 
para a classe C.


Depois da transformação social ocorrida no Brasil na última década, um novo termo começou a se destacar no dia a dia da população brasileira: a chamada nova classe C. Como resultado do governo Lula, iniciado em 2003, e também das condições econômicas internacionais favoráveis, cerca de 30 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza, passando das classes D e E para a classe C. Devido ao crescimento desse estrato, analistas de diversas áreas adotaram o fenômeno da diminuição da pobreza como objeto de estudo.
André Singer, 54 anos, cientista político, jornalista e professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), se interessou especificamente pelo movimento do lulismo. No artigo Setor ascendente será objeto de disputa política, publicado no site da revista Teoria e Debate, em novembro de 2011, Singer esclarece que o Brasil não está se tornando um país “de classe média”, visto que 40% da população continua aquém da classe C. De acordo com o cientista político, a situação das pessoas que se encontravam abaixo da pobreza melhorou: Singer relacionou tal ascensão aos programas sociais, como o Bolsa Família, e à expansão do crédito e do consumo. As oportunidades de emprego também aumentaram, inclusive para os jovens. “Pessoas que estavam desempregadas passaram a ter uma renda fixa”, explica.
Para facilitar o estudo desse novo segmento social, Singer divide a classe C em duas partes muito diferentes entre si: a classe trabalhadora, composta pelos novos assalariados que, submetidos a péssimas condições de trabalho, aderem às forças sindicais; e a classe média, da qual fazem parte os que melhoraram ainda mais seu padrão de vida.
Ao seu ver, os que estão próximos à classe média tendem a ter uma postura mais conservadora, pois, satisfeitos com sua nova posição, desejam apenas preservar o que já foi conquistado. Em entrevista à Esquinas, Singer comenta o surgimento da nova classe C e, sob a ótica das ciências políticas, define suas características particulares, valores e padrão de consumo.

Qual seria a definição adequada para a chamada nova classe C?
A classe C tem duas definições. Uma é a tradicional do mercado, que é a posse de determinados bens de consumo. É a classificação que as empresas de pesquisa de mercado utilizam. Agora, a que eu me refiro é a definição do economista Marcelo Neri, na qual a renda familiar mensal em torno de dois salários mínimos e meio é usada como critério.

Além da renda, essa classe tem uma característica particular?
Ela tem muitas características e, por isso, há grandes dificuldades de análise. Este tema é muito complexo, porque dentro dessa mesma faixa de renda que Marcelo Neri chama de classe C, temos diferença entre as pessoas que estão no topo e na base desse estrato. Embora elas tenham tecnicamente superado a linha da pobreza, ainda estão muito próximas ou dentro daquilo que chamamos genericamente de pobreza. Boa parte dessas pessoas não tem, por exemplo, tratamento de esgoto. No entanto, quando falamos do topo desse estrato, os que estão chegando à classe B, há uma condição de vida mais próxima daquilo que normalmente consideramos como classe média. É um universo heterogêneo.

Porque este segmento social se tornou tão falado a partir do governo Lula?
Como houve cerca de 30 milhões de pessoas que passaram da linha de pobreza, ou seja, saíram das classes D e E e entraram na classe C, esse estrato ficou grande, sendo hoje mais da metade da população. Por ter crescido tanto, acabou se tornando objeto de interesse de analistas de vários tipos: políticos, sociólogos, economistas, publicitários, empresários.

Quais fatores determinam o crescimento da classe C e de que forma ele ocorreu no período do governo Lula?
Se a nova classe C for pensada nesse paradigma de renda, então ela cresceu porque houve um aumento neste quesito. Esse aumento ocorreu porque transferiu-se a renda, por meio de programas sociais, como a Bolsa Família, e o aumento do crédito, que gerou um crescimento na capacidade de consumo. O salário mínimo aumentou e, sobretudo, expandiu- se o emprego. Pessoas que estavam desempregadas passaram a ter uma renda fixa e, com isso, as estatísticas mostram que aumentou a quantidade de pessoas que tem uma renda superior a do nível da pobreza.

O mercado atual contribui para a inserção e o desenvolvimento profissional da nova classe C?
Sim, em termos absolutos. Foi justamente pela inserção no mercado de trabalho que ocorreu a transferência de tantas pessoas para a classe C. No desenvolvimento profissional eu não sei, porque os dados mostram que 90% dos empregos criados são de baixa remuneração, nos quais existe uma alta rotatividade. As indicações não apontam grandes possibilidades de desenvolvimento profissional para a classe C.

Qual é o padrão de consumo dessa nova classe? O que ela consome que influi na economia?
O que parece ter acontecido foi um processo em duas etapas. Numa primeira etapa, o acesso aos bens de consumo imediato, desde comida e roupas, até celulares, TV de plasma e DVD. Numa segunda fase, que ocorreu por volta de 2008, e foi um elemento interessante no combate da crise econômica desse mesmo ano, parece ter havido um acesso a automóveis e casa própria, sobretudo por meio do Minha casa, minha vida [programa do Governo Federal]. Neste momento, passamos a falar de pessoas em outro patamar, porque estamos levando em conta bens mais caros e mudanças estruturais, sobretudo quando se fala a respeito de moradia.

Qual é o perfil político e religioso dessa nova classe?
Sobre o perfil religioso, há indicações de uma forte influência pentecostal e neopentecostal. Não se sabe exatamente qual é o perfil político. Acredito que existam duas vertentes, mas nada muito claro. Uma vertente é um aumento da força reivindicativa desse setor. O telemarketing pode ser usado como exemplo, visto que já há algum tempo estes profissionais – grande parte da classe C – reinvindicam por meio de greves melhores condições de trabalho nas empresas. É compreensível que, uma vez que esse setor se fortaleça, comece a acontecer um processo reivindicativo. Deste modo, as greves seriam um sinal de uma postura política mais agressiva.
Ao mesmo tempo, as greves no setor de construção civil, sobretudo nas obras das hidrelétricas ou nas obras dos estádios para a Copa do Mundo, são sintomas de que o comportamento político desse setor seja mais próximo daquilo que foi tradicionalmente a conduta da classe trabalhadora, ou seja, a união para atingir certas reivindicações, certos objetivos de classe. Uma outra vertente é a dos setores que, dentro desse grupo, melhoraram um pouco mais. Sempre uso essa imagem: em vez de subir um degrau, subiram dois ou três degraus. É nesse setor que encontramos um comportamento político mais conservador, mais à direita: ele quer preservar o que conquistou, sem se organizar para novas conquistas.

Você acredita que os indivíduos que se tornam da nova classe C realmente aderem aos valores da classe média?
Não creio que haja uma percepção de uma identidade com a classe média para aqueles setores que estão na base da classe C. De modo geral, o que está acontecendo não é a formação de uma nova classe média, mas de uma nova classe trabalhadora, com valores e uma identidade mais próxima da atual classe trabalhadora do que da atual classe média.

Existe diferença entre a classe média e a classe trabalhadora?
No Brasil existe. A classe média tem plano de saúde privado, matricula os filhos em escolas particulares, faz viagens internacionais, tem acesso a produtos importados. Enfim, tem um padrão material de vida e também uma concepção de mundo bem diferente da classe trabalhadora.

Desde o governo Lula as condições internacionais favoreceram para que o Brasil crescesse economicamente. O que aconteceria no caso de uma crise? A regressão imediata de cada classe?
O que acontecerá quando vier uma crise e quando essa crise irá acontecer são as perguntas que todos querem responder. O governo está fazendo uma política progressiva de combate à pobreza, que não é radical e, por isso, não é rápida. Ela vem produzindo esses efeitos acumulativos lentamente. Se olharmos o programa da presidente Dilma e os seus pronunciamentos, a perspectiva é de que isso continue. Nós estamos em uma espécie de crise, porque, há uns meses, o ministro Guido Mantega disse que a situação atual é tão grave quanto a de 2008, só que, como ela não veio de repente, veio silenciosamente, as pessoas não percebem. É até surpreendente. Os economistas não entendem como o Brasil, crescendo tão pouco, está conseguindo manter o emprego. Pode haver um retrocesso se a crise se agravar muito, como o que está acontecendo na Europa. Essa é a grande questão: o quanto este modelo brasileiro é sustentável, e como as coisas vão evoluir.

http://www.casperlibero.edu.br/noticias/index.php/,n=9048.html

Os hábitos de consumo da nova classe média




Por Marco Antonio L.
Da Carta Capital
Muito além da caricatura
Amanda Lourenço

Nunca a classe média foi tão representativa no Brasil: o percentual da população definida nesta categoria pulou de 35% para quase 60% nos últimos 20 anos. Com o aumento do poder de compra, os hábitos mudaram e a chamada nova classe C passou a ter acesso a bens e serviços antes inacessíveis. A internet, por exemplo, deixou de ser artigo de luxo e se incorporou à rotina do novo segmento.
Os impactos desta ascensão na economia são evidentes. “No curto prazo isto se refletiu nas vendas maiores do comércio varejista e, consequentemente, nos resultados das empresas. Fato interessante é que essa nova classe média também busca os produtos que valorizam as respectivas origens e não o estilo de vida das elites”, explica Gílson de Lima Garófalo, professor de economia da PUC-SP. Para se aproximar deste público, diversas empresas começaram a se mover para atender à nova demanda, ampliando a oferta de produtos tecnológicos, de higiene e beleza e serviços educacionais e bancários.

Ascensão da nova classe média é retratada até na novela da Globo. Foto: Foto: Avenida Brasil / TVGlobo

Na outra ponta, economistas, institutos de pesquisa de mercado e até novela da Globo se debruçam sobre o grupo para retratar (ou se aproximar) do fenômeno. Tanta atenção repentina começa a gerar reações entre estudiosos e lideranças do próprio grupo. Em maio, o economista Marcio Pochmann, então presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), lançou um livro para apontar as diferenças entre a classe emergente e a classe média tradicional, essa última mais politizada e propensa a um consumo consciente. Em entrevista a CartaCapital, alertou para o esgotamento do fenômeno, que precisaria agora de um salto educacional para se firmar. No último fim de semana, o estudante de letras Leandro Machado, colunista da Folha de S.Paulo e morador de Ferraz de Vasconcelos (SP), causou frisson na internet ao ironizar, em artigo intitulado “De repente, Classe C”, a caricaturização de grupos historicamente marginalizados. Em outras palavras, minimizava o fato de ter acesso a bens de consumo como geladeira nova e ainda ter medo de enchentes e do transporte público ainda precário de sua cidade.

Foi como se apontasse um fosso entre a evolução financeira e a qualidade de vida adequada – esta sim “artigo de luxo” restrito às elites. Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular, pondera: os avanços sociais não se limitam apenas ao aumento da renda média do brasileiro. “Esse empoderamento é transferido para esferas culturais e políticas, sim. É uma mudança radical na maneira de pensar”, afirma Meirelles. E completa: “68% da nova classe média estudou mais que seus pais. Estão mais conectados, mais conscientes, mais viajados. Isso tudo provoca uma mudança radical na vida das pessoas”.

A discussão, de toda forma, mostra que ainda é difícil classificar a nova classe média num mesmo perfil. Não é todo representante desse grupo que é morador de área conturbada e sacoleja 3 horas no ônibus para chegar ao trabalho. Pelo contrário. Tem gente que aproveitou o desenvolvimento local para abrir seu próprio negócio, ou se beneficiou da internet para vender seus serviços. Muitos moram em cidades pequenas ou mesmo na periferia de metrópoles, mas estão muito satisfeitos com sua nova condição. Reconhecem que sua vida mudou muito, para melhor.


Para Luciana, aumento da renda abriu as portas para uma nova rotina. Foto: Arquivo Pessoal

É o caso de Luciana da Silva, técnica de enfermagem de 23 anos, moradora de Itaquera, zona leste de São Paulo. Luciana ainda mora com os pais, mas se deu um prazo de dois anos para sair de casa. Seu pai é porteiro, sua mãe, costureira, e o salário dos dois dá uma soma menor do que o salário da filha. “Nossa vida melhorou muito nos últimos anos. Antes tínhamos que fazer um esforço enorme, agora parece que tudo ficou mais fácil”, diz a técnica de enfermagem.

A vida também melhorou para Natália e Cleiton Oliveira, moradores de Juiz de Fora, Minas Gerais. Ele é fotógrafo e ela faz artesanatos e complementa a renda como manicure. Natália criou um blog para expor suas peças e boa parte de suas vendas é feita graças a essa divulgação. Cleiton trabalha em uma empresa com carteira assinada ganhando 750 reais, mas também é freelancer fotografando festas e eventos e dependendo do mês, fatura até 2500 reais no total. O casal têm duas filhas de 7 e 2 anos. A diferença entre a renda e as despesas é pequena, mas eles fazem questão de economizar um pouco todo mês para pagar o casamento que estão planejando, que custa 15 mil reais.

Já o carioca Ricardo Freitas, de 33 anos, mantém um comércio de venda de açaí no bairro de Olaria que comemora seis anos. Segundo ele, “o melhor açaí da região, quiçá do Rio de Janeiro inteiro!”. Com lucros entre 3500 e 4000 reais mensais, a loja não vende suco de frutas ou sanduíches: mantém a exclusividade do açaí. Ricardo não tem filhos e se separou da mulher há quatro meses.
Pedimos a esses três representantes da classe média para abrir a carteira e mostrar exatamente como gastam seu dinheiro. Nem sempre é fácil pôr todas as despesas na ponta do lápis, às vezes o dinheiro vai embora e o dono nem sabe pra onde foi. Aluguel, gás, luz fazem parte do grupo dos incontornáveis, mas viagens, bares e eletrodomésticos também marcam presença na lista de despesas. A poupança passou a ser um item importante para os três entrevistados.

As despesas variam de acordo com o estilo de vida. O casal com filhos acaba gastando mais no supermercado do que em bares e restaurantes, enquanto Luciana gasta boa parte de seu salário com lazer. Ricardo diz que anda mais de táxi do que de ônibus, um luxo que suas prioridades permitem.
São pequenas mudanças nos hábitos que, aos poucos, provocam transformações a longo prazo. “Os programas inclusivos do governo federal recentemente elaborados e em execução provocarão, seguramente, a diminuição das classes D e E. Isto acontecerá como consequência da queda da desigualdade social e da ascensão para outros segmentos econômicos, ou seja, para essa classe média”, explica o professor Gílson de Lima Garófalo.

Renda
Natália e Cleiton: cerca de 500 reais, ela e 1800 reais, ele. Mais 350 reais de pensão da filha mais velha. Total de 2650 reais.
Luciana: 2200 reais.
Ricardo: entre 3500 e 4000 reais.

Despesas

Gastos com telefonia e internet também aumentam

Aluguel e condomínio
Natália e Cleiton: 500 + 5 reais (15 reais de condomínio a cada 3 meses)
Luciana: – (os pais são responsáveis)
Ricardo: 800 + 350 reais

Luz, gás e água
Natália e Cleiton: 80, 20 e 20 reais
Luciana: -
Ricardo: 245, 20 e 60 reais

Telefone e internet
Natália e Cleiton: 50 reais
Luciana: 59 reais
Ricardo: 270 reais

TV a cabo
Natália e Cleiton: 79 reais
Luciana: 89 reais
Ricardo: não tem


Equipamentos eletrônicos hoje não são artigos de luxo

Celular
Natália e Cleiton: 15 reais
Luciana: 70 reais
Ricardo: 60 reais

Supermercado
Natália e Cleiton: 600 reais
Luciana: 200 reais
Ricardo: 200 reais

Crianças
Natália e Cleiton: 200 reais (a filha mais velha vai à escola pública e a mais nova fica com a mãe. Ganham a maior parte das roupas e brinquedos)
Luciana: -
Ricardo: -

Carro
Natália e Cleiton: -
Luciana: -
Ricardo: -

Transporte
Natália e Cleiton: 120 reais
Luciana: 100 reais
Ricardo: 40 reais de ônibus + 200 reais de táxi

Restaurantes/lanchonetes
Natália e Cleiton: 150 reais
Luciana: 150 reais
Ricardo: 300 reais


Cinema também entra nos hábitos da nova classe C. Foto: Andre Fossati

Cinema e bares
Natália e Cleiton: -
Luciana: 200 reais
Ricardo: 100 reais

Roupas
Natália e Cleiton: 100 reais
Luciana: 200 reais
Ricardo: 200 reais

Outros lazeres
Natália e Cleiton: 50 reais
Luciana: 150 reais
Ricardo: 200 reais

Material de trabalho
Natália e Cleiton: Natália gasta 200 de matéria-prima. O equipamento fotográfico de Cleiton é fornecido pela empresa
Luciana: -
Ricardo: Seu material já está incluso no capital da empresa

Plano de saúde
Natália e Cleiton: -
Luciana: 111 reais
Ricardo: 197 reais

Móveis/eletrodomésticos
Natália e Cleiton: -
Luciana: 750 reais parcelados em 5 vezes
Ricardo: 350 reais


 Crédito impulsiona venda de carros. Foto: Anderson Gores/AE

Férias e viagens de lazer
Natália e Cleiton: 60 reais (600 reais em férias uma vez por ano e o resto em escapadas nos feriados)
Luciana: 150 reais (sua última viagem de férias foi para Foz do Iguaçu, gastou 1200 reais. A próxima será Porto Seguro. Também viaja em fins de semanas e feriados)
Ricardo: 120 reais por mês (não costuma tirar férias longas por causa de seu negócio, mas viaja quando pode. No último final de semana esteve em Goiás por 2 dias).

Outros
Natália e Cleiton: 300 reais
Luciana: 170 reais
Ricardo: -

Poupança
Natália e Cleiton: cerca de 150 reais
Luciana: cerca de 400 reais
Ricardo: o que sobra

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-habitos-de-consumo-da-nova-classe-media

Sony amplia investimentos com foco na Classe C



Empresa injetará R$ 500 milhões no país até o ano de 2014 e aposta no reposicionamento da marca para atingir o público jovem e a chamada Nova Classe Média.

Sony
Sony Tablet
Maior aposta é o Sony Tablet, que chega ao mercado com a proposta de alcançar a classe C.

São Paulo - A Sony investirá de R$ 500 milhões no Brasil até 2014 para quadruplicar a capacidade produtiva da fábrica, no estado do Amazonas e lançar novos de produtos. A maior aposta é o Sony Tablet, que chega ao mercado com a proposta de alcançar a classe C e promover uma integração entre as chamadas quatro telas (celular, TV, Tablet e computador). Ainda em 2012, o objetivo da Sony é crescer 30% no país.

O diferencial do Sony Tablet está no conceito Sony Link, que permite o consumidor transferir arquivos entre produtos sem a necessidade de conexão com a internet ou da tecnologia Bluetooth. Para promover o Sony Link, a marca vem apostando em uma estratégia de divulgação diferenciada e reposicionamento de marca, com a ideia de atrair principalmente o público jovem.

“Pretendemos tornar a Sony uma marca jovem e fun. Para isso estamos deixando de ser formais e investindo em uma comunicação coloquial, mais próxima do consumidor. Temos usado cada vez mais a Internet, meio muito importante para a Sony. Hoje somos uma das marcas mais lembradas do mundo em Internet”, explica o gerente geral de marketing e inovação da Sony Brasil, Carlos Paschoal.

Inovação


Por meio do conceito Sony Link, a empresa busca uma integração com o consumidor, além do estímulo ao consumo das quatro telas. O lançamento do Sony Tablet é a principal estratégia utilizada para isso. O produto ainda não possui fabricação no Brasil e chega ao país importado da sede japonesa.

http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/sony-amplia-investimentos-com-foco-na-classe-c

Classe C consome R$ 1,03 trilhão anualmente, diz estudo



Pesquisa do Instituto Data Popular traça perfil da Nova Classe Média e mostra que principais protagonistas são a população negra e as mulheres.

Ricardo Correa/EXAME
Rua 25 de março
Segundo a pesquisa, o consumo da Classe C está centrado em eletrônicos, eletrodomésticos e viagens.

Rio de Janeiro - Se fosse um país, a Classe C brasileira estaria no G20 do consumo mundial, em 18º lugar. A informação está no estudo Vozes da Classe Média, do Instituto Data Popular, que mostra que a parcela da população consome anualmente R$ 1,03 trilhão. A expectativa é que este perfil de consumidor continue em expansão, passando dos atuais 52% da população para 57% em 2022.

Segundo a pesquisa, o consumo da Classe C está centrado em eletrônicos, eletrodomésticos e viagens. Até o final de 2012 serão adquiridos 11,3 milhões de notebooks; 4,8 milhões de sofás; 4,9 milhões de fogões; 7,3 milhões de aparelhos de TV; 14,2 milhões de viagens nacionais; 6,8 milhões de tablets; 4,3 milhões de máquinas de lavar; 4,6 milhões de geladeiras; 15,8 milhões de celulares e 4,2 milhões de viagens internacionais.

Com relação a sua confiança no Governo, a população acredita que a educação (70%) e a saúde (75%) são as principais responsabilidades do Estado. Do total de pessoas, 67% acreditam que o voto pode melhorar a política brasileira. A classe média também se revela otimista: seis em cada 10 brasileiros acreditam que sua vida melhorou. Do total de entrevistados no estudo, 59% acham que vivem melhor; 35% igual e 6% acreditam viver pior. Já 81% acham que a situação melhorará no próximo ano.

A pesquisa também traçou um perfil dos protagonistas da Classe C: 75% das pessoas que ascenderam na última década são negras. Nos últimos 10 anos, a renda das mulheres cresceu 60% mais que a dos homens. Neste ano, as mulheres terão em renda própria R$ 737 bilhões e, deste total, R$ 262 bilhões virão da classe média. Os jovens também contribuirão para consolidar esta ascensão. Atualmente, o Brasil possui 42 milhões de jovens entre 18 e 30 anos de idade, 55% deles na classe média.

Outra característica dessa classe é uma maior importância para a escolaridade. Enquanto na classe alta os filhos estudaram 20% a mais que seus pais, na Classe C, essa média fica em 49%. Com relação à informação, 78% se consideram atualizados quanto às notícias, 51% acompanham os acontecimentos pela internet diariamente, 14% o fazem ao menos três vezes na semana.

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/classe-c-consome-r-1-03-trilhao-anualmente-diz-estudo

Classes C, D e E compram mais eletrônicos a vista que “ricos”



Na hora de comprar um tablet, 50% dos consumidores emergentes pretendem pagar a vista, contra 31% dos de alta renda, diz Data Popular.

Stock.xchng
Preço, qualidade e atendimento
São Paulo – Os consumidores das classes C, D e E estão mais propensos a comprar eletrônicos a vista que os de alta renda, segundo uma pesquisa da consultoria Data Popular.

De acordo com o levantamento, feito entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, os consumidores de alta renda pretendem comprar mais celulares, notebooks e tablets parcelados que os emergentes este ano.

Ao comprar um celular, 58,7% dos emergentes devem pagar a vista, contra 48,7% dos clientes de alta renda. Segundo a consultoria, isso acontece porque os emergentes evitam comprometer o limite de seus cartões de crédito, usados para despesas do dia a dia, com o parcelamento da compra.

O mesmo acontece no caso dos notebooks, 49% dos emergentes dizem que vão comprar a vista, contra 41% dos consumidores de alta renda. No caso dos tablets, a diferença é ainda maior: 50% contra 31%.

Apesar da particularidade desta categoria, o brasileiro, em geral, é mais propenso a comprar a prazo que a vista.

Segundo a pesquisa, encomendada pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), 61% dos brasileiros devem comprar a prazo em 2012, enquanto 39% declararam que pretendem fazer compras a vista.

Objetos de desejo

A pesquisa mapeou também quais são os produtos que os brasileiros pretendem comprar este ano: 37 milhões planejam comprar um celular, 32,4 milhões querem um notebook e 25,6 milhões vão adquirir um tablet.

O estudo indica ainda que 1,7 milhões de brasileiros pretendem adquirir uma motocicleta nova ou usada esse ano, enquanto 8,5 milhões pretendem comprar um carro.

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/classes-c-d-e-e-compram-mais-eletronicos-a-vista-que-ricos

Positivo lança celulares de olho na classe C


O lançamento de três modelos com sistema operacional Android é a grande aposta da empresa para deslanchar no mundo da mobilidade.

Divulgação
Smartphone Positivo Ypy
A intenção da empresa é ter estes dispositivos à venda também no mercado argentino no próximo ano.

São Paulo - A Positivo Informática acaba de estrear no mercado de celulares, ampliando a linha de aparelhos Ypi, que até então contava apenas com tablets.

O lançamento de três modelos com sistema operacional Android, entre smartphones e devices com menos recursos, é a grande aposta da empresa para deslanchar no mundo da mobilidade, sobretudo neste Natal. “Viemos para ser um player importante neste mercado. Não queremos ter uma participação marginal”, comenta Hélio Rotenberg, presidente da companhia.
A ideia, segundo Rotenberg, é ganhar mercado entre os consumidores de devices sem marca, a maioria trazidos da China. Para isto, ele aposta na força no nome Positivo entre a classe C e no prestígio que a empresa ganhou com a venda de computadores e conteúdo educacional. “Inicialmente, vamos distribuir os produtos nas principais lojas de varejo, mas já temos negociação com operadoras”.
Segundo o presidente da Positivo, a intenção da empresa é ter estes dispositivos à venda também no mercado argentino no próximo ano. Os tablets da linha Ypi têm sido vendidos no país vizinho há duas semanas.

http://exame.abril.com.br/tecnologia/android/noticias/positivo-lanca-celulares-de-olho-na-classe-c

TAM se prepara: quanto mais perto da classe C, melhor



Companhia aérea adapta a linguagem e ofertas para o público alvo e busca intensificar o relacionamento com o consumidor em 2012.


Avião da TAM
Empresa quer ganhar a confiança de quem nunca viajou de avião.

Rio de Janeiro - Após iniciar sua estratégia para se aproximar do consumidor da Classe C há dois anos, a TAM busca em 2012 consolidar os pontos de contato com esse público. A empresa fortalece a plataforma “Diálogos”, com o lançamento de vídeos com depoimentos de novos clientes da companhia e continua a investir na educação do consumidor, fornecendo informações para os brasileiros que nunca viajaram de avião.

O projeto de reposicionamento foi iniciado em agosto de 2010 com a campanha “Vai de ônibus por quê?”, desenvolvida a partir de estudos de inteligência de mercado. Em paralelo à divulgação da plataforma, a TAM investiu na diversificação dos canais de venda, criando stands para a comercialização de passagens áreas em pontos de alta frequência dos consumidores da Classe C, como estações de metrô.
Também foi fechada uma parceria com a Casas Bahia para a criação de pontos de venda dentro das unidades da rede de varejo em São Paulo, com promoções formuladas especificamente para os moradores da região. Hoje, a TAM contabiliza 17 stands criados com esse propósito, sendo 10 em lojas da varejista, seis em estações de metrô do Rio de Janeiro e de São Paulo, além de uma unidade no Centro de Tradições Nordestinas da capital carioca.

Educando o consumidor

O investimento não foi em vão. “Desde a criação até o atual período, estes canais alternativos já apresentaram um crescimento de 60% nas vendas”, conta Rodrigo Trevizan, diretor de vendas diretas da TAM. Outra área que também recebeu atenção da empresa foram os materiais de comunicação distribuídos nos pontos de venda.
De acordo com pesquisas internas, a companhia verificou que uma das principais dificuldades encontradas pelos consumidores emergentes que viajam de avião pela primeira vez são os termos técnicos e procedimentos realizados nos aeroportos. Para esclarecer os temas, a TAM desenvolveu cartilhas com linguagem didática e próxima ao cotidiano do consumidor.
Além do material informativo, foi criado o site Minha Primeira Viagem, trazendo dicas para os turistas emergentes que nunca entraram em um avião. A porta-voz da campanha foi a cantora Ivete Sangalo, escolhida pela proximidade com o público alvo e, segundo dados da empresa, trouxe quase três milhões de novos passageiros para a TAM em 2011.

Colaboradores são parte importante do processo

Se nos anos anteriores o foco era apresentar não somente a companhia área, como também o mundo da aviação civil para a Classe C, em 2012, a empresa pretende intensificar o relacionamento com esse público. “Em março demos continuidade à plataforma ‘Diálogos’, com o lançamento de um novo vídeo com a participação de um consumidor emergente que viajou de avião pela primeira vez conosco. A iniciativa visa gerar confiança no público alvo e iniciar um relacionamento mais transparente”, esclarece Trevizan.
A ação também está alinhada a uma campanha de endomarketing lançada recentemente para os 30 mil colaboradores da TAM. Até o fim deste ano, serão postados no Youtube novos vídeos sobre histórias dos funcionários e sua relação com a companhia aérea. Os colaboradores também foram parte importante do processo de reposicionamento da marca.
Além do alinhamento na comunicação e da diversificação dos canais, o treinamento foi outro ponto chave na estratégia para se aproximar dos consumidores da nova classe média. Os funcionários, tanto da equipe de vendas, como os atendentes e comissários receberam orientações para adequar o linguajar ao lidar com os emergentes, evitando termos técnicos.
Criando identificação com o público alvo

Após dois anos do início do projeto, a TAM entra em uma nova fase e começa a colher novas informações para conhecer ainda mais o novo target. “Hoje sabemos que a maioria dos consumidores que viaja pela primeira vez vem do Sudeste em direção ao Nordeste, muitas vezes retornando a sua terra ou visitando parentes. Entre os destinos mais procurados pelos emergentes estão as cidades de Recife, Natal, João Pessoa e Fortaleza”, diz o diretor de vendas diretas da TAM.
Outro insight que vem aparecendo nas pesquisas é a preferência de roteiros internacionais, principalmente na América do Sul. “Apesar de serem pouco representativos em números, já conseguimos verificar um crescente interesse dos brasileiros pela Argentina. Baseados nessa informação, lançamos recentemente uma ação no programa A Grande Família, da Rede Globo, em que o casal de protagonistas viaja para Buenos Aires, por intermédio da TAM Viagens. Dessa forma, conseguimos unir o estereótipo da família de classe C do país ao nosso propósito”, ressalta Trevizan.

http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/tam-busca-consolidacao-na-estrategia-para-classe-c?page=1
http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/tam-busca-consolidacao-na-estrategia-para-classe-c?page=2
http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/tam-busca-consolidacao-na-estrategia-para-classe-c?page=3

TIM é ação preferida nas Américas com celulares na classe C

Operadora tem recomendação média de analistas em 4,45, na escala em que 5 equivale a compra, 3 a manutenção e 1 a venda.


Marcel Salim/EXAME.com
TIM estreia no Novo Mercado da BM%26FBovespa
Na Bovespa: a TIM é a segunda maior operadora de telefonia móvel no país

São Paulo - A estratégia da TIM Participações SA de ter como alvo a população de baixa renda tornou a ação da empresa a preferida de analistas para o setor nas Américas.

A unidade brasileira da maior empresa de telefonia da Itália tem recomendação média de analistas em 4,45, na escala em que 5 equivale a compra, 3 a manutenção e 1 a venda, segundo dados compilados pela Bloomberg. A média para TIM é a maior entre as 40 maiores empresas de telefonia por receita nas Américas. Os segundo lugar na região é da Telefônica Brasil SA, com média 4,36, e o terceiro é da americana CenturyLink Inc., com 4,33.
TIM, segunda maior operadora de telefonia móvel no país depois da Vivo, unidade da Telefônica, está conseguindo ganhar fatia de mercado com vendas para clientes que não usam muito a Internet ou assistem vídeos em seus telefones, segundo Richard Dineen, analista do HSBC Holdings Plc.
“A Tim se concentrou mais em oferecer aos clientes serviço de voz e telefones baratos que são mais adequados a uso limitado de dados, como o acesso a redes sociais”, disse Dineen, que tem recomendação equivalente a compra para as ações da empresa, em entrevista por telefone de Nova York em 2 de julho. “Eles têm os aparelhos certos e o marketing certo. Eles prepararam o pacote certo de voz e dados.”

http://exame.abril.com.br/mercados/analises-de-acoes/noticias/tim-e-acao-preferida-nas-americas-com-celulares-para-classe-c

segunda-feira, 3 de junho de 2013

E a Classe C invadiu a Sala VIP do consumo

No ensaio a seguir, Marie-Oceáne Gazurek, autora do recém-lançado “Consumir para pertencer”, reflete sobre o mercado de luxo e diz que, se a elite não gosta, marcas como Prada e Tiffany agradecem o interesse da Classe C pelas “grifes posicionais”

Por Marie-Oceáne Gazurek
Meu interesse pelo estudo e o entendimento do consumidor de luxo brasileiro já vêm de algum tempo. No decorrer desses anos, enquanto eram inaugurados shoppings especializados no segmento e chegavam ao país marcas cada vez mais exclusivas, eu procurava entrevistar esses consumidores de difícil acesso. Ao mesmo tempo, a imprensa publicava inúmeras matérias sobre a ascensão da assim denominada classe C e seu novo poder aquisitivo. Representantes desta  “nova classe média” estampavam capas de revistas vestindo grifes outrora acessíveis somente a alguns “happy few”. Necessidade de exclusividade e crescimento do consumo das classes populares crescendo juntos... Uma coincidência? Não exatamente. A verdade é que uma parte substancial do crescimento do mercado de luxo precisa ser atribuída à emergência social da assim denominada classe C.

classec-luxo-artigo-350O que tem acontecido com esse segmento social, desde o Plano Real, é uma vertical migração de consumo. A Classe C tem deixado de se abastecer dos produtos e serviços que classicamente lhe eram dirigidos e passou a “invadir territórios” que antes eram ocupados pelos grupos sociais no topo da pirâmide. Suas conquistas sociais refletem, principalmente, maior poder de compra e de realização de desejos que há muitas décadas estavam recalcados. Tudo se passa como essas pessoas estivessem, numa linguagem bem banal, “tirando o atraso”.

Todos já deram as boas vindas a esse fantástico contingente de novos consumidores a caminho de suas realizações materiais. O próprio ciclo de crescimento e estabilidade de nossa economia tem dependido muito desse movimento, que alimenta o PIB. O que foi negado a eles durante muito tempo hoje está ao alcance de suas mãos, ou melhor, de sua renda. Seja à vista, seja em facilitadas e suaves parcelas, marcas outrora reservadas à elite hoje em dia são acessíveis para a chamada “nova classe média” e se constituem em verdadeiros passaportes para um grupo social superior. A abundância de crédito e redução de taxas de juros são parte de dessa mesma equação.

É lógico que, no horizonte, existem nuvens preocupantes ligadas ao endividamento descontrolado ou ao efeito dos solavancos internacionais. Mas, de qualquer maneira, o que temos visto até agora é uma renovada capacidade de consumo dessa classe C. Eles não estão se transformando em cidadãos plenos ainda porque a ascensão social não depende apenas de ter mais dinheiro no bolso, mas de um projeto mais amplo que envolve níveis educacionais mais alinhados com aquilo que o desenvolvimento permanente exigiria.

De qualquer maneira, a classe C tem penetrado em “jurisdições de consumo” para as quais ela nunca havia sido convidada antes. E aí é que nasce a ironia em relação ao mercado de luxo, pois não é sem estranhamento da parte das classes tradicionais que se dá a chegada desta classe a novas esferas de consumo.

O que eram produtos e serviços de acesso exclusivo dos grupos de elite começaram a ser comprados pela classe C. O que eram bens posicionais, na linguagem de Eduardo Gianetti, que serviam para marcar as diferenças de uma classe para outra, a reforçar a distinção, nas palavras de Bourdieu, perderam esse poder. Marcas que realmente marcavam diferenças sociais hoje são consumidas por segmentos populares. É comum escutarmos em corredores de shoppings que determinadas marcas democratizaram-se demais; “veja agora quem está usando!”.. Clubes de compras virtuais oferecem marcas por preços menores. São praias que foram democratizadas. Ao mesmo tempo, vejam como têm crescido o número de lounges exclusivos e espaços (virtuais ou não) exclusivíssimos onde os mais incomodados podem se exilar.

O que estamos vendo acontecer hoje já foi extensivamente tratado por vários estudiosos. E é o que Georg Simmel chamou de efeito trickle-down, que numa tradução livre podemos chamar de “bola de neve”: os segmentos mais afluentes abandonam o uso de certos produtos e marcas quando públicos menos diferenciados passam a consumi-los. E como as diferenças sociais são elementos estruturais em qualquer sociedade humana, o que os públicos mais afluentes fazem é recorrer a produtos, serviços e marcas enfim que reafirmem o traçado dos limites das classes. Marcas que sejam bens posicionais, de fato e maneiras de consumir que reforcem esta diferenciação.

Quanto do mercado de luxo é alimentado por esse movimento de uma nova necessidade diferenciação social é difícil dizer. Por irônico que possa parecer porém, Hermès, Prada, Mercedes-Benz, Tiffany etc têm muito que agradecer à ascensão classe C.


*Especialista em luxo e moda no Grupo Troiano de Branding

Uma nova classe média

Aumento da renda do brasileiro cria uma nova classe de consumidores e obriga empresas a se adaptarem à nova demanda
Em 2010, a Classe C foi responsável por injetar R$ 881,2 bilhões no mercado de consumo. Crédito: Cláudio Gonçalves/Folha Imagem
 
O mercado de trabalho aquecido ampliou a renda do trabalhador e fez surgir uma sociedade de consumo de massa, com uma nova classe média que consome R$ 881,2 bilhões anuais.
Em 2010, o rendimento médio foi 19% maior do que os R$ 1.252,48 registrados em 2003: R$ 1.490,61, combinado com um maior número de pessoas trabalhando na formalidade.
A nova classe média brasileira é formada por pessoas mais jovens, com um nível de escolaridade maior (e dispostas a aumentá-lo), mais exigente na hora de consumir e decidir onde investir o seu dinheiro e inserida no mercado de trabalho formal.
Para o consultor especializado em consumo das classes C e D, Renato Meirelles, mudou a maneira como este grupo vê o seu papel na sociedade. “A partir do momento que pode escolher qual supermercado vai, começa a entender também o porquê de o voto ser tão importante”, explica. “O fato de o Brasil ser uma democracia de voto obrigatório é o principal avalista que esse movimento do crescimento da classe média veio pra ficar: programas de distribuição de renda dão voto, o aumento do emprego formal dá voto e o processo de expansão de crédito também dá muito voto”, diz.
Na hora das compras, a diferença entre classes diminuiu em termos de qualidade. Na comparação de um carrinho de compras da classe A e um das classes C, D e E, a diversidade de tipos de mercadorias hoje é praticamente igual. Antes, os mais pobres se privavam de toda uma categoria de produtos, como alimentos industrializados, para poder chegar ao final do mês. “A classe C tem acesso aos mesmos produtos, talvez com uma freqüência de compra um pouco menor”, diz. E engana-se quem acredita que o desejo é ser igual à classe A. “Não acham inteligente pagar mais caro por um produto só porque é de uma marca bacana, se a qualidade é a mesma”, Renato Meirelles.
Para o sociólogo Rudá Ricci, ainda é cedo para prever alguma mudança no comportamento de quem há pouco tempo tinha dificuldades de fechar o orçamento do mês. “Este é um momento de transição. Há seis anos, percebemos que houve um aumento no volume de consumo, e não na sua qualidade. Mas, ao mesmo tempo, nos dois últimos anos, começamos a ver um investimento pesado em previdência privada, o que pode mostrar uma mudança de comportamento. É provável que na medida em que a nova classe C passe a adquirir outros bens, comece a viajar mais, também os padrões podem mudar e, dessa forma, as culturas e seus valores”, conclui.

A nova mulher da nova classe C

O crescimento econômico fez nascer
uma consumidora exigente e capaz
de expandir um mercado até então tímido



Thereza Venturoli



A paulistana Patricia de Amorim Rocha, a moça da foto na página ao lado, está com 36 anos, é casada e mãe de uma menina de 10 anos. Filha de imigrantes nordestinos, tem o ensino médio completo, mas já trabalhava informalmente desde os 11 anos de idade para complementar a parca renda familiar conseguida pela mãe, diarista, e pelo pai, operário da construção civil. Foi operária e funcionária do setor administrativo numa fábrica de brinquedos. Fez um curso de empreendedorismo e foi contratada por uma indústria de panelas. Desistiu do emprego de carteira assinada para montar uma sorveteria – que também se mostrou pouco rentável. Há cinco anos, enfim, desistiu de tudo para se dedicar à venda direta de cosméticos – atividade que lhe rende seis vezes mais que os empregos que já teve com carteira assinada.
Consultora de beleza, Patricia é responsável por 60% do dinheiro do lar. Ancorada no sucesso dela, a família trocou o fogão, comprou um computador com acesso à internet e estacionou na garagem um carro zero-quilômetro, comprado em 2008, em 24 prestações. "Prazo bem curtinho mesmo, que é para a gente não se meter em dívidas que não acabam mais", diz Patricia. O próximo passo é trocar o televisor e terminar de pagar as prestações da casa própria em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. "Lá teremos uma suíte para o casal", afirma Patricia. A filha, Jenifer, estuda em escola pública. A razão é, de novo, cuidado com os gastos: "A escola municipal é boa. Então deixamos para pagar uma escola particular quando ela avançar mais nos estudos". De planejamento em planejamento, Patricia tem certeza de que vai conseguir mais: cursar uma faculdade de economia, viajar nas férias e, um dia, quem sabe, fazer uma cirurgia plástica no abdômen.
Patricia, sorridente e despachada, vivíssima, poderia ser traduzida em números. Ela é uma legítima representante da nova mulher da nova classe média brasileira. Entre 2003 e 2008, cerca de 27 milhões de brasileiros das classes D e E subiram de patamar social e hoje compõem os 91 milhões de cidadãos da classe C. São filhos do crescimento econômico, da expansão de empregos e do fim da inflação, fenômenos recentíssimos no Brasil. As mulheres, indutoras de consumo, têm papel fundamental nesta sociedade que se expande. Segundo o instituto Data Popular, elas são 36 milhões, que, até o fim deste ano, terão movimentado 158 bilhões de reais, o equivalente a 30% da renda de todas as brasileiras. "Aberta às novidades tecnológicas, atenta à importância da educação e consciente de seu poder aquisitivo, essa mulher, que tem pela primeira vez algum dinheiro para gastar com itens não essenciais, preocupa-se em crescer profissionalmente, aumentar a renda e, assim, poder comprar mais, com cautela", diz Fábio Mariano, sociólogo especializado em comportamento do consumidor, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. "Com isso, está desenvolvendo um imenso mercado de consumo que segue regras próprias." As mulheres da classe C, ainda segundo o Data Popular, são também as que mais levam dinheiro para casa: contribuem, em média, com 41 reais a cada 100 reais da renda familiar. Na classe A, a participação feminina é de 25 reais a cada 100. Isso significa que nas funções que exigem menos preparo as mulheres ganham mais do que os homens – ao contrário do que ocorre nas camadas mais altas da pirâmide. Coerentemente, 30% das famílias de classe média são chefiadas por mulheres. Na classe A essa proporção é de 22%.
Com todo esse poder na bolsa, as emergentes representam mais de 50% dos clientes das farmácias, dos supermercados e das lojas de roupas. Para cada dez homens de classe média que fazem compras nos shoppings, há doze mulheres. Elas avançam, também, em tradicionais nichos de consumo masculino, como seguradoras e bancos: 62% das mulheres têm cartão de crédito, contra 59% dos homens da mesma classe social. Há quem aposte que, em dez anos, elas serão maioria absoluta entre os clientes nos estandes de vendas de apartamentos e nas concessionárias de automóveis. Alguma dúvida? O futuro parece uma longa estrada quando se acompanha com atenção uma outra estatística: dos 7,5 milhões de mulheres da classe C com idade entre 16 e 24 anos, 73% já ingressaram no mercado de trabalho. Outros 25% estão na faculdade ou de posse do canudo. Os filhos são importantes, mas a razão da existência vai além da prole: 36% das jovens ouvidas pela pesquisa citam como maior sonho a realização profissional. As cifras parecem refletir Patricia.


Paraíba é primeiro estado em vendas no comércio varejista

Estado teve variação positiva de 4,3%, enquanto que média nacional ficou em torno dos 1,4%, com Estados registrando quedas

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do comércio varejista em maio, em relação ao mês de abril de 2010, na Paraíba cresceram 4,3%. A média de crescimento no país ficou em 1,4%, colocando o Estado como destaque e em primeiro lugar dos estados que obtiveram uma variação positiva. O resultado indica uma retomada no ritmo de crescimento do volume das vendas, que, em abril, havia recuado 3,1% na comparação com março.

Entre as federações que ficaram após os registros da Paraíba estão o Maranhão (3,8%), Mato Grosso do sul (3,6%), Espírito Santo (2,6%) e Paraná (2,5%). As principais quedas ocorreram no Acre (-5,5%), Alagoas (-4,1%), Tocantins (-2,4%) e Amazonas (-1,2%).

No Estado, o setor do comércio varejista configura-se como o mais significativo com mais de 32 mil empresas, o que representa quase 50% do total, segundo dados apresentados pelo Sebrae Paraíba. Com a ascensão da classe C e o relativo aumento do poder de consumo da população, o índice nos últimos cinco anos cresceu 103% enquanto a média nacional foi de 95,5%. Sendo o setor o mais expressivo da Paraíba, especialistas concluem que parcela desse consumo irá diretamente para o setor varejista, o que demonstra uma fase de expansão e com a geração ainda de melhores resultados.
De acordo com a gestora do projeto de Comércio Varejista do Sebrae Paraíba, Alessandra Carvalho, as empresas do setor percebendo esse ambiente favorável vem cada vez mais mudando o perfil de atuação junto ao mercado. “O setor hoje encara algumas mudanças bem modernas, como a capacitação em gestão que até pouco tempo atrás era um ponto frágil, desenvolvimento de estratégias de marketing, aplcando inovações. Vale destacar também a formação de redes associativas, como é o caso da atuação do Sebrae, onde juntos essas micro e pequenas empresas são mais fortes. O benefício dessas ações reflete diretamente no consumidor que vem comprar mais.Tudo está interligado, o aumento do consumo, vendas e a melhora do setor”, comenta.
Setores- De acordo com o IBGE, seis das dez atividades pesquisadas apresentaram alta no volume de vendas, em maio, em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal: material de construção (2,4%); combustíveis e lubrificantes (2,0%); livros, jornais, revistas e papelarias (1,7%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,6%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%), e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,3%).As quedas foram registradas nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-0,3%), veículos e motos, partes e peças (-1,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-3,3%).
Na comparação com maio de 2009, na série sem ajuste sazonal, todas as atividades do varejo obtiveram aumento no volume de vendas. Os destaques foram os segmentos de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo,com variação positiva de 8,2%, e móveis e eletrodomésticos, com alta de 19,5%. Nesse último caso, o bom resultado pode ser atribuído às vendas de televisores relacionadas à Copa do Mundo, além da ampla oferta de crédito.
Dia deles- Amanhã, dia 16, é Comemorado o Dia do Comerciante e em homenagem a categoria será realizado no Auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas, às 19h, o seminário gratuito ‘Varejo como potencial competitivo’. O evento será comandado pelo professor Ricardo Pastore que discutirá as mais novas informações para o setor trazidas do 99º Congresso de Varejo de Nova York. O seminário tem a realização Associação Comercial da Paraíba e apoio da CDL, Fecomercio, Femipe e Sebrae Paraíba. As inscrições são gratuitas e informações através do 2108-1100.

http://www.pbnoticias.com/index.php?categoryid=11&p2_articleid=3848